segunda-feira, 26 de março de 2012

Personagem principal

Um dia qualquer, num mês qualquer, numa cidadezinha desconhecida. Só mais uma garota esperando seu ônibus passar. Mas aquele dia tinha tudo para mudar a sua vida por completo.
A aparição de um jovem em meio aquelas dezenas de pessoas a fez pensar por um breve instante que aquele talvez fosse o rapaz mais charmoso já encontrado por ela.
Entraram os dois dentro do ônibus. Ela se sentou, mas ele ficou de pé. Pobrezinho... sendo esmagado por aqueles monstros que não lhe davam nenhum pingo de espaço. Apesar de tudo, a viagem dentro daquele ônibus se tornou divertidíssima.
"Pedir ou não pedir para segurar a mochila dele? Melhor esquecer isso" pensou a garota. E ele sumiu. Desceu em uma parada qualquer, a horas mortas do dia.
Na noite seguinte, no mesmo lugar e quase na mesma hora, o que parecia impossível aconteceu. Lá estava ele de novo, pronto para mais uma viagem (talvez não tão pronto assim). Só que dessa vez ele estava acompanhado por outro garoto. Talvez um amigo ou colega de classe. Ele estava sentado e o amigo de pé, em sua frente. Os dois conversavam. 
Destinada a falar com o garoto da noite passada, que agora ela chamava de "cara do ônibus", a menina apressou-se em sentar e esperar que ele se aproximasse.
E foi enchendo, enchendo, enchendo, até que ele finalmente entrou (sozinho). Mas nem sequer da roleta passou. Que decepção. A certa altura da viagem já não era mais possível vê-lo, e quando ela menos esperou o ônibus já estava vazio e ele não estava mais lá.
Por ironia do destino, a garota acabou se apaixonando pelo amigo do cara do ônibus, aquele que estava conversando com ele antes de entrar no ônibus. Ela nunca mais havia o visto. Mas o amigo dele estava sempre por perto.
E a perseguição começou. Shows, apresentações, cursos, aulas extras e qualquer lugar onde ele estivesse já era motivo para ela estar também.
Cara do ônibus > amigo do cara do ônibus > amigo do amigo do cara do ônibus > confusão.
A vida de uma simples garota mudou do dia para a noite após a entrega de um objeto (no mínimo ridículo, convenhamos) para o amigo do cara do ônibus.
Tudo mudou. Absolutamente tudo. Besteiras foram feitas, pessoas foram apresentadas à ela. E, finalmente, ela pôde conhecer o cara do ônibus. Quieto, calado e com um olhar encantador. Ele era, de fato, como ela sempre havia sonhado.
Ela estava lá enquanto ele escrevia sentado no pátio da escola. Ela estava lá quando ele estava sentado nas costas de um banco perto da sala 9. Ela estava lá quando ele fez um favor e pegou a mochila de dois desconhecidos (para ela). Ela sempre esteve lá, mas ele nunca a notou. Ela também estava lá quando os dois pegaram ônibus juntos. Ela reparou nele a viagem inteira só para poder saber em qual parada ele iria descer. Ela estava bem atrás dele naquela parada de ônibus em frente a escola onde estudavam.
Ela sempre o amou. Desde o início era ele quem ela queria. Era com ele que ela sonhava todas as noites.
Apesar de ter feito diversas escolhas erradas, ela finalmente tem a chance de fazer o que sempre quis: ter em seus braços o cara do ônibus.
O que acontecerá com os dois ainda não é possível saber. O tempo ainda está escrevendo o final dessa história.
Cinquenta e oito

Mãos frias e tremendo
Pernas balançando
Lágrimas descendo
Continue respirando

Passos vagarosos
Abraço mal dado
Sorrisos vergonhosos
Coração acelerado

Pouca coragem
Muitos desejos
Curta viagem
Em um de seus beijos
Poetas são grandes mentirosos. Meu amor, você tem ares de poeta. Por que me diz para acreditar?
Todas as palavras ditas, todo o tempo gasto, as noites em claro e eu desorientada de novo. Eu te pedi para não me deixar. Por que você me virou as costas? Eu não te dei os motivos certos para confiar, não é?
A gente sempre sabe o que vai acontecer, só não quer acreditar. Afinal, sonhar é preciso.
Tudo o que escolhi pra mim, as promessas feitas, as vezes que saí para te encontrar agora parecem vagas lembranças de um dos poucos momentos que acreditei que a vida finalmente havia me presentado com o que sempre sonhei: amor.
Eu estou sempre mentindo, me iludindo. Enchendo de esperanças um coração que não aguenta mais decepção alguma.
Depois de tanto tempo ele resolveu bater de novo. Jurei que nunca mais encontraria amor maior que aquele sentido há muito tempo, quando a inocência ainda pairava sobre mim. Queria estar certa. Queria poder dizer que ele foi meu único amor e que nunca mais senti nada igual. Eu deveria ter me esforçado para não amar de novo. Mas você apareceu e balançou tudo.
Olhe para mim, eu estou falando com você. Eu te entreguei tudo o que restou de mim. Pedacinho por pedacinho. Por que me trata assim? Não vê que depositei toda a minha fé em você? Você fez renascer a chama, por favor, não a apague.
Apenas confie e deixe que eu te mostre a magnitude de uma troca de olhares, de um abraço apertado após longos minutos em silêncio.
Eu que sempre te amei em segredo agora sussurro em seu ouvido um único pedido: me deixe entrar.

É difícil acreditar em alguém além de você.

Um dos porquês de escrever

Analisando a vida, os problemas e, obviamente, buscando soluções para eles, criamos os nossos próprios métodos de ajuda.
Alguns fingem que nada está acontecendo, outros pedem ajuda à família, amigos e até desconhecidos. Outros oram, meditam ou fazem rituais religiosos em busca da resolução dos problemas que surgem no dia-a-dia.
Eu aprendi a escrever sobre eles. Aprendi a desabafar nas folhas.
Quando penso sobre determinado problema geralmente encontro, no mínimo, três soluções para ele. Cada solução tem uma vantagem e desvantagem. Aí é preciso encontrar uma solução para cada desvantagem e assim o problema que deveria ter uma solução simples acaba virando uma bola de neve.
Escrevendo esse problema não acontece. Ao pensar nas soluções para algum problema, escrevo sobre apenas uma delas. Escolho a que melhor resolverá minha vida. Escrevendo sobre o problema e a solução dele, as letrinhas ficam na minha mente e assim fica mais fácil lembrar o que deve ou não ser feito.
Um problema, uma solução, poucas palavras e agilidade em por em prática o que foi escrito.
Então, se você tem algum problema e não sabe como resolvê-lo, tente passar para o papel o que te aflige. Às vezes uma caneta e folha são mais compreensivas que seu melhor amigo.

terça-feira, 6 de março de 2012

Eu estou aqui. Você pode me ver? Você pode me deixar entrar?

Todo dia uma nova luta, um novo motivo para desistir. Aquele desgosto de ter uma vida repleta de caos como a sua. O choro perdura a noite inteira, mas pela manhã é necessário colocar um sorriso no rosto e repetir incansavelmente a todos que está tudo bem. "Melhor impossível". Se eles ao menos soubessem o quanto você busca uma solução para os problemas que você, sozinho, criou. Se eles pudessem entender absolutamente tudo, e até mesmo pegar para si todas as suas dores. Mas não. Ninguém se importa com você. Todos já tem problemas demais para resolver, então por que eles iriam se preocupar com algo que não vai mudar em nada a vida deles? Na verdade pode até piorar. Ninguém quer mais uma cruz para carregar. Você sabe que ninguém está aí para te ajudar. Se você não se preocupar em levantar sozinho, você permanecerá embaixo e, pouco a pouco, sentirá que a morte já não parece ser assim tão assombrosa. Talvez a única solução seja a morte mesmo. Silenciosa... calma... sem pressa. Só a morte. Do jeito que só ela sabe ser.

Há necessidade?

Precisa ser feito? Precisa ser dito? Precisa mentir? E ocultar? É realmente necessário sentir, pensar? Há necessidade de ser feito desse modo? Será que existe outra forma de fazer/conseguir/ser? Será que julgamos da forma certa? Qual seria o certo? Será que não acabamos esquecendo o primordial e dando mais importância ao superficial? Será que os valores ainda são os mesmos?
É realmente importante ser assim ou você simplesmente o quer? É o necessário ou é a sua vontade? Estamos preparados para distinguir os dois? Sabemos o que é certo e errado? O que deve ser e o que pode ser? Será que as ideias não estão distorcidas? Será que não temos mais a noção do que é necessário e o que é opção? É isso mesmo que deve ser feito? E se pararmos para pensar apenas uns segundos a mais? Para que fazer tudo na pressa, na correria?

Há necessidade de chamar de amor? De ódio? De saudade? Há necessidade de ser meu? De ser dela? Dele? Há necessidade de sussurrar? E de gritar? De xingar? Será que tem? Há necessidade de mexer? De insistir? De deixar ir? De ver ir embora? Há necessidade de parecer melhor? De magoar? De mentir? E de falar a verdade, há necessidade? Há necessidade de sorrir? E de chorar? Há necessidade de existir?

sábado, 3 de março de 2012



"Eu imaginava o dia em que eu acordaria e sabia que não ia vê-la porque você estaria longe. Não ia vê-la, de jeito nenhum. E agora eu imagino o dia em que eu acordaria e talvez pudesse vê-la. Talvez. Desses dois dias, eu quero o segundo. E por que um passo contrário a você parece um passo na direção errada?" Waiting for Forever

sexta-feira, 2 de março de 2012

Pergunta

Eu sei o que disse e o que prometi. Não sou boa cumprindo promessas, e sempre faço a mesma. Sempre. Para sempre. Eu menti, e muito, até. Eu não quero ser feliz, nem sentir que tudo está dando certo. Eu quero escrever enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto e encharcam meu caderno, e meu coração fica apertadinho. Eu escolho a indecisão, esse amar sem ser amado, sofrer sem merecer. Eu escolho ser desprezada, eu escolho te ver passar sem poder te tocar. Eu quero ser esquecida por todos aqueles que confiaram em mim. Eu quero magoar, machucar, fazer doer. Eu não quero a minha vida organizada, a ideia de ter uma rotina me assusta. Essa conformidade toda precisa acabar. E já acabou. Balancei a situação, inverti papéis, tomei outra postura. Eu me engano, finjo ser, deixo que acreditem nas minhas palavras. Eu acredito nas minhas mentiras. Eu quero o ódio, a amargura, o ciúme sem sentido, a vontade de acariciar a morte. Quero te ver cair, te levantar só para poder ver sua queda de novo, de novo e de novo (eu sou). Será assim. Tem que ser assim. Se não for, por que ainda estou aqui?  Só peço que me deixem aproveitar o que mais amo: a dor da perda. Enquanto eles vencem, eu regresso. Esse querer ter sem poder é o que me faz estar aqui. Sonhar sabendo que nunca acontecerá. Ver ir embora. Até mesmo deixar ir embora (sem querer). Só para sentir o gosto da vida. Gosto amargo... dor. Intensidade. Dúvida.

E o que mais faz a vida caminhar? A pergunta ou a resposta?
Enquanto você sussurra

Teus cabelos, um abraço
Teus braços, um cafuné
Um passo, o tropeço
O erro, uma revolta
Um verso, o reverso
Teu mundo, meu tudo
O adeus, do início
Um sorriso, o final
O Sol, um olhar
Um suspiro, o beijo
A luz, uma treva
Uma palavra, o remorso
A dúvida, um encontro
Um grito, a mágoa
Eu e você
Um rei, a escrava
O céu, uma brisa
Um mar, a calma
O deus, um medo