sábado, 2 de junho de 2012

Cabô

Não rola mais de escrever, pelo simples fato de não haver mais nenhuma tristeza em minha vida. Nem caos. Nem mágoa. Nem dúvida. Nem choro. É só a vida em sua essência. É só o amor puro e inocente. É só o doce sorriso de acordar feliz pela manhã. É só o suspiro ao lembrar do rosto dele. Não há motivo para não ser, não existir. Só viver e esperar. Esperar pelo comum: a dor. Mas pela primeira vez ela parece tão distante...Sei lá. Quem sabe, afinal? A vida é isso mesmo... isso que ninguém sabe. E nem vai saber.

Permitido chorar

Eu quero você longe. Bem longe, aqui do meu lado. Eu quero te odiar tanto até poder dizer apenas que te amo. Eu não quero ouvir nada do que você tem pra me dizer, apenas horas e horas de declarações de amor. Eu não quero te desculpar, só dizer que te perdoo. Eu não quero ser magoada mais uma vez, só te entreguei meu coração para fazer dele o que quiser.
Eu não quero, mas faço. Eu não vou, mas você me arrasta. A única coisa que desejo nessa vida é um pouco de liberdade. Não quero mais me sentir presa à você. Não quero você. Não mais.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Personagem principal

Um dia qualquer, num mês qualquer, numa cidadezinha desconhecida. Só mais uma garota esperando seu ônibus passar. Mas aquele dia tinha tudo para mudar a sua vida por completo.
A aparição de um jovem em meio aquelas dezenas de pessoas a fez pensar por um breve instante que aquele talvez fosse o rapaz mais charmoso já encontrado por ela.
Entraram os dois dentro do ônibus. Ela se sentou, mas ele ficou de pé. Pobrezinho... sendo esmagado por aqueles monstros que não lhe davam nenhum pingo de espaço. Apesar de tudo, a viagem dentro daquele ônibus se tornou divertidíssima.
"Pedir ou não pedir para segurar a mochila dele? Melhor esquecer isso" pensou a garota. E ele sumiu. Desceu em uma parada qualquer, a horas mortas do dia.
Na noite seguinte, no mesmo lugar e quase na mesma hora, o que parecia impossível aconteceu. Lá estava ele de novo, pronto para mais uma viagem (talvez não tão pronto assim). Só que dessa vez ele estava acompanhado por outro garoto. Talvez um amigo ou colega de classe. Ele estava sentado e o amigo de pé, em sua frente. Os dois conversavam. 
Destinada a falar com o garoto da noite passada, que agora ela chamava de "cara do ônibus", a menina apressou-se em sentar e esperar que ele se aproximasse.
E foi enchendo, enchendo, enchendo, até que ele finalmente entrou (sozinho). Mas nem sequer da roleta passou. Que decepção. A certa altura da viagem já não era mais possível vê-lo, e quando ela menos esperou o ônibus já estava vazio e ele não estava mais lá.
Por ironia do destino, a garota acabou se apaixonando pelo amigo do cara do ônibus, aquele que estava conversando com ele antes de entrar no ônibus. Ela nunca mais havia o visto. Mas o amigo dele estava sempre por perto.
E a perseguição começou. Shows, apresentações, cursos, aulas extras e qualquer lugar onde ele estivesse já era motivo para ela estar também.
Cara do ônibus > amigo do cara do ônibus > amigo do amigo do cara do ônibus > confusão.
A vida de uma simples garota mudou do dia para a noite após a entrega de um objeto (no mínimo ridículo, convenhamos) para o amigo do cara do ônibus.
Tudo mudou. Absolutamente tudo. Besteiras foram feitas, pessoas foram apresentadas à ela. E, finalmente, ela pôde conhecer o cara do ônibus. Quieto, calado e com um olhar encantador. Ele era, de fato, como ela sempre havia sonhado.
Ela estava lá enquanto ele escrevia sentado no pátio da escola. Ela estava lá quando ele estava sentado nas costas de um banco perto da sala 9. Ela estava lá quando ele fez um favor e pegou a mochila de dois desconhecidos (para ela). Ela sempre esteve lá, mas ele nunca a notou. Ela também estava lá quando os dois pegaram ônibus juntos. Ela reparou nele a viagem inteira só para poder saber em qual parada ele iria descer. Ela estava bem atrás dele naquela parada de ônibus em frente a escola onde estudavam.
Ela sempre o amou. Desde o início era ele quem ela queria. Era com ele que ela sonhava todas as noites.
Apesar de ter feito diversas escolhas erradas, ela finalmente tem a chance de fazer o que sempre quis: ter em seus braços o cara do ônibus.
O que acontecerá com os dois ainda não é possível saber. O tempo ainda está escrevendo o final dessa história.
Cinquenta e oito

Mãos frias e tremendo
Pernas balançando
Lágrimas descendo
Continue respirando

Passos vagarosos
Abraço mal dado
Sorrisos vergonhosos
Coração acelerado

Pouca coragem
Muitos desejos
Curta viagem
Em um de seus beijos
Poetas são grandes mentirosos. Meu amor, você tem ares de poeta. Por que me diz para acreditar?
Todas as palavras ditas, todo o tempo gasto, as noites em claro e eu desorientada de novo. Eu te pedi para não me deixar. Por que você me virou as costas? Eu não te dei os motivos certos para confiar, não é?
A gente sempre sabe o que vai acontecer, só não quer acreditar. Afinal, sonhar é preciso.
Tudo o que escolhi pra mim, as promessas feitas, as vezes que saí para te encontrar agora parecem vagas lembranças de um dos poucos momentos que acreditei que a vida finalmente havia me presentado com o que sempre sonhei: amor.
Eu estou sempre mentindo, me iludindo. Enchendo de esperanças um coração que não aguenta mais decepção alguma.
Depois de tanto tempo ele resolveu bater de novo. Jurei que nunca mais encontraria amor maior que aquele sentido há muito tempo, quando a inocência ainda pairava sobre mim. Queria estar certa. Queria poder dizer que ele foi meu único amor e que nunca mais senti nada igual. Eu deveria ter me esforçado para não amar de novo. Mas você apareceu e balançou tudo.
Olhe para mim, eu estou falando com você. Eu te entreguei tudo o que restou de mim. Pedacinho por pedacinho. Por que me trata assim? Não vê que depositei toda a minha fé em você? Você fez renascer a chama, por favor, não a apague.
Apenas confie e deixe que eu te mostre a magnitude de uma troca de olhares, de um abraço apertado após longos minutos em silêncio.
Eu que sempre te amei em segredo agora sussurro em seu ouvido um único pedido: me deixe entrar.

É difícil acreditar em alguém além de você.

Um dos porquês de escrever

Analisando a vida, os problemas e, obviamente, buscando soluções para eles, criamos os nossos próprios métodos de ajuda.
Alguns fingem que nada está acontecendo, outros pedem ajuda à família, amigos e até desconhecidos. Outros oram, meditam ou fazem rituais religiosos em busca da resolução dos problemas que surgem no dia-a-dia.
Eu aprendi a escrever sobre eles. Aprendi a desabafar nas folhas.
Quando penso sobre determinado problema geralmente encontro, no mínimo, três soluções para ele. Cada solução tem uma vantagem e desvantagem. Aí é preciso encontrar uma solução para cada desvantagem e assim o problema que deveria ter uma solução simples acaba virando uma bola de neve.
Escrevendo esse problema não acontece. Ao pensar nas soluções para algum problema, escrevo sobre apenas uma delas. Escolho a que melhor resolverá minha vida. Escrevendo sobre o problema e a solução dele, as letrinhas ficam na minha mente e assim fica mais fácil lembrar o que deve ou não ser feito.
Um problema, uma solução, poucas palavras e agilidade em por em prática o que foi escrito.
Então, se você tem algum problema e não sabe como resolvê-lo, tente passar para o papel o que te aflige. Às vezes uma caneta e folha são mais compreensivas que seu melhor amigo.

terça-feira, 6 de março de 2012

Eu estou aqui. Você pode me ver? Você pode me deixar entrar?

Todo dia uma nova luta, um novo motivo para desistir. Aquele desgosto de ter uma vida repleta de caos como a sua. O choro perdura a noite inteira, mas pela manhã é necessário colocar um sorriso no rosto e repetir incansavelmente a todos que está tudo bem. "Melhor impossível". Se eles ao menos soubessem o quanto você busca uma solução para os problemas que você, sozinho, criou. Se eles pudessem entender absolutamente tudo, e até mesmo pegar para si todas as suas dores. Mas não. Ninguém se importa com você. Todos já tem problemas demais para resolver, então por que eles iriam se preocupar com algo que não vai mudar em nada a vida deles? Na verdade pode até piorar. Ninguém quer mais uma cruz para carregar. Você sabe que ninguém está aí para te ajudar. Se você não se preocupar em levantar sozinho, você permanecerá embaixo e, pouco a pouco, sentirá que a morte já não parece ser assim tão assombrosa. Talvez a única solução seja a morte mesmo. Silenciosa... calma... sem pressa. Só a morte. Do jeito que só ela sabe ser.

Há necessidade?

Precisa ser feito? Precisa ser dito? Precisa mentir? E ocultar? É realmente necessário sentir, pensar? Há necessidade de ser feito desse modo? Será que existe outra forma de fazer/conseguir/ser? Será que julgamos da forma certa? Qual seria o certo? Será que não acabamos esquecendo o primordial e dando mais importância ao superficial? Será que os valores ainda são os mesmos?
É realmente importante ser assim ou você simplesmente o quer? É o necessário ou é a sua vontade? Estamos preparados para distinguir os dois? Sabemos o que é certo e errado? O que deve ser e o que pode ser? Será que as ideias não estão distorcidas? Será que não temos mais a noção do que é necessário e o que é opção? É isso mesmo que deve ser feito? E se pararmos para pensar apenas uns segundos a mais? Para que fazer tudo na pressa, na correria?

Há necessidade de chamar de amor? De ódio? De saudade? Há necessidade de ser meu? De ser dela? Dele? Há necessidade de sussurrar? E de gritar? De xingar? Será que tem? Há necessidade de mexer? De insistir? De deixar ir? De ver ir embora? Há necessidade de parecer melhor? De magoar? De mentir? E de falar a verdade, há necessidade? Há necessidade de sorrir? E de chorar? Há necessidade de existir?

sábado, 3 de março de 2012



"Eu imaginava o dia em que eu acordaria e sabia que não ia vê-la porque você estaria longe. Não ia vê-la, de jeito nenhum. E agora eu imagino o dia em que eu acordaria e talvez pudesse vê-la. Talvez. Desses dois dias, eu quero o segundo. E por que um passo contrário a você parece um passo na direção errada?" Waiting for Forever

sexta-feira, 2 de março de 2012

Pergunta

Eu sei o que disse e o que prometi. Não sou boa cumprindo promessas, e sempre faço a mesma. Sempre. Para sempre. Eu menti, e muito, até. Eu não quero ser feliz, nem sentir que tudo está dando certo. Eu quero escrever enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto e encharcam meu caderno, e meu coração fica apertadinho. Eu escolho a indecisão, esse amar sem ser amado, sofrer sem merecer. Eu escolho ser desprezada, eu escolho te ver passar sem poder te tocar. Eu quero ser esquecida por todos aqueles que confiaram em mim. Eu quero magoar, machucar, fazer doer. Eu não quero a minha vida organizada, a ideia de ter uma rotina me assusta. Essa conformidade toda precisa acabar. E já acabou. Balancei a situação, inverti papéis, tomei outra postura. Eu me engano, finjo ser, deixo que acreditem nas minhas palavras. Eu acredito nas minhas mentiras. Eu quero o ódio, a amargura, o ciúme sem sentido, a vontade de acariciar a morte. Quero te ver cair, te levantar só para poder ver sua queda de novo, de novo e de novo (eu sou). Será assim. Tem que ser assim. Se não for, por que ainda estou aqui?  Só peço que me deixem aproveitar o que mais amo: a dor da perda. Enquanto eles vencem, eu regresso. Esse querer ter sem poder é o que me faz estar aqui. Sonhar sabendo que nunca acontecerá. Ver ir embora. Até mesmo deixar ir embora (sem querer). Só para sentir o gosto da vida. Gosto amargo... dor. Intensidade. Dúvida.

E o que mais faz a vida caminhar? A pergunta ou a resposta?
Enquanto você sussurra

Teus cabelos, um abraço
Teus braços, um cafuné
Um passo, o tropeço
O erro, uma revolta
Um verso, o reverso
Teu mundo, meu tudo
O adeus, do início
Um sorriso, o final
O Sol, um olhar
Um suspiro, o beijo
A luz, uma treva
Uma palavra, o remorso
A dúvida, um encontro
Um grito, a mágoa
Eu e você
Um rei, a escrava
O céu, uma brisa
Um mar, a calma
O deus, um medo

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

rec.

Todos os dias vejo-te passar e não tenho sequer uma gota de coragem para abrir um pequeno sorriso no canto da boca. Nem trocar um olhar. Meu corpo parece se enrijecer todo, e os meus movimentos se tornam mecânicos e muito difíceis de executar. Meu coração acelera. As mãos, que já costumam ser frias naturalmente, se tornam verdadeiros picolés. O chão é o único lugar onde meus olhos repousam. E, de repente, você já passou e eu me revolto por não ter feito nada. Quantas outras vezes terei de ver você passar sem fazer nada? Devo me contentar por poder pelo menos te ver? Quase um ano... isso é tempo demais, eu acho. E nem sequer um oi. Algumas vergonhas... algumas mancadas e algumas amigas que fazem de tudo para você me notar (nos piores momentos, claro).
Sinto que você é bem parecido comigo... seu jeito tímido, poucos amigos, bem calado, mas sorridente. Quem sabe um dia eu acorde disposta a fazer algo além de te contemplar... quem sabe.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Hoje estava mexendo nuns livros e peguei alguns de poesia. Para ser mais exata peguei quatro. Li alguns poemas e me encantei pelos que estão logo abaixo. Queria poder postar todos... mas escolhi os que mais se encaixam com o momento que estou vivendo. Espero mesmo que gostem de lê-los. E, se for possível, procurem pelo poema Aos namorados do Brasil do Carlos Drummond de Andrade. Ele é um pouco extenso, por isso não postei.
Quero

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas,
Do contrário evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca amaste antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu precipito no caos,
essa coleção de objetos de não amor.

Carlos Drummond de Andrade


Israel Lucas
Cantigas leva-as o vento...

A lembrança dos teu beijos
Inda na minh'alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folham dum livro triste.

Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desapar'cido
Revive numa saudade!

Florbela Espanca
O maior bem

Este querer-te bem sem me quereres,
Este sofrer por ti constantemente,
Andar atrás de ti sem tu me veres
Faria piedade a toda gente.

Mesmo a beijar-me a tua boca mente...
Quantos sangrentos beijos de mulheres
Poisa na minha a tua boca ardente,
E quanto engano nos seus vão dizeres!...

Mas que me importa a mim que me não queiras,
Se esta pena, esta dor, estas canseiras,
Este mísero pungir, árduo e profundo

Do teu frio desamor, dos teus desdéns,
É, na vida, o mais alto dos meus bens?
É tudo quanto eu tenho neste mundo?

Florbela Espanca
Felicidade

A doce tarde morre. E tão mansa
Ela esmorece,
Tão lentamente no céu de prece,
Que assim parece, toda repouso,
Como um suspiro de extinto gozo
De uma profunda, longa esperança
Que, enfim cumprida, morre, descansa...

E enquanto a mansa tarde agoniza,
Por entre a névoa fria do mar
Toda a minhalma foge na brisa:
Tenho vontade de me matar!

Oh, ter vontade de se matar...
Bem sei é cousa que não se diz.
Que mais a vida me pode dar?
Sou tão feliz!

- Vem, noite mansa...

Manuel Bandeira
Desesperança

Esta manhã tem a tristeza de um crepúsculo.
Como dói um pesar em cada pensamento!
Ah, que penosa lassidão em cada músculo...

O silêncio é tão largo, tão longo, é tão lento
Que dá medo... O ar, parado, incomoda, angustia...
Dir-se-ia que anda no ar um mau pressentimento.

O demônio sutil das nevroses enterra
A sua agulha de aço em meu crânio doído.
Ouço a morte chamar-me e esse apelo me aterra...

Minha respiração se faz como um gemido.
Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo,
Mais a descompreendo e não lhe acho sentido.

Por onde alongue o meu olhar moribundo,
Tudo a meus olhos toma um doloroso aspeto:
E erro assim repelido e estrangeiro no mundo.

Vejo nele a feição fria de um desafeto.
Temo a monotonia e apreendo a mudança.
Sinto que a minha vida é sem fim, sem objeto...

- Ah, como dói viver quando falta a esperança!

Manuel Bandeira

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Colecionando mais um final

As maiores batalhas da minha vida foram travadas comigo mesma. Lutei contra diversos sentimentos que insistiam em permanecer em mim. Mas hoje eu aprendi a me respeitar. A me dar um tempo para processar tudo. Hoje eu aprendi a me entender. Entender também que devo deixar o passado no passado, ora bolas. Parar de cutucar feridas, de mexer onde não se deve. Existem áreas em mim que não devem ser exploradas, pelo menos por enquanto. Hoje eu vivo em paz, sozinha. Como eu queria que fosse...
Estou aprendendo, aos poucos, a me dar valor. A perceber que o mundo não se limita a duas ou três pessoas. Que existem objetivos, metas para serem cumpridas. Entendo, hoje, que eu tenho 15 anos e uma vida inteira para viver. Eu pensava já ter vivido tudo o que tinha de viver. Que drama, meu Deus!
Eu sou jovem. Jovem até demais. Apressei algumas coisas que não deveriam ter acontecido agora. Mas, graças a um bom banho e grandes amigos, saí de toda a confusão que estava e percebi: eu sou muito mais que isso. Caramba!
Dou-me o tempo que for preciso para ficar bem outra vez. Não me proíbo de sentir nada, nem falar nada, nem sonhar com nada. Eu canso fácil de tudo. Por isso fico tranquila sabendo que logo, logo vou cansar também de sentir o que não devo.
Eu tenho tudo o que preciso para viver bem. Depois de tanta bagunça eu ainda tenho bons motivos para sorrir. Ainda tenho meus grandes amores.
É claro que seria mais fácil começar do zero, sem nada que me lembrasse você, mas agora entendo que ter todas as lembranças ao meu lado tornam a caminhada mais longa, porém com uma recompensa bem maior.
O gosto da liberdade é tão bom. Eu finalmente tiro a venda que não me permitia enxergar a pureza da vida. O céu agora é mais bonito e as árvores são mais verdes. Tinha esquecido o quanto é bom não sentir. Não esperar nada de ninguém. Apenas aproveitar o máximo possível de tudo.
Um grande amigo me disse uma vez que eu ia chorar, tropeçar, cair e me ferrar. E ele estava certo. Ele me disse também que as coisas boas a vida não dá, a gente é que tem que correr atrás. Certíssimo! E é justamente por isso que hoje decidi parar de deixar a vida me dar dor e sofrimento e correr atrás da minha própria felicidade.
Hoje eu digo: Chega! Melancolia, romantismo, sofrimento, idealização da pessoa perfeita, a partir de hoje só quero saber de vocês nas aulas de português, quando estiver estudando o Romantismo.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Para a outra

Para você, que vai roubar o lugar que por direito era meu:
1º - Cuide dele acima de tudo. Ele é frágil demais. Você deverá abrir mão de querer receber cuidados para simplesmente tomar conta dele.
2º - Ele é meio teimoso, então se quiser que as coisas fiquem bem, tente não discutir muito.
3º - Atente para sinais suspeitos. Ele nunca está bem, mas em alguns dias as coisas pioram e pensamentos ruins dominam a mente dele.
4º - Tente controlá-lo. A saúde dele não anda muito legal, então faça com que você seja o motivo dele se cuidar.
5º - Aceite o estilo (esse, pra mim, foi impossível conseguir).
6º - Ignore as mentiras. Nunca tente fazê-lo falar a verdade, pois você vai se frustrar muito.
7º - Ele é doce, meigo e muito fofo, mas quando está nervoso se torna assustador. Quando ele estiver assim, apenas beije-o.
8º - Só diga que o ama se for verdade. Ele não precisa de mais uma mentira como essa.
9º - Não espere que ele vá entender o que se passa com você, e nada de fazer drama por isso.
10º - E, por favor, faça dele uma pessoa melhor. Eu o perdi por não ter tido força o suficiente para estar ao lado dele quando ele mais precisou. Não cometa o mesmo erro.

Fechado para reforma

Não possuo mais grandes desejos. Meus sonhos se foram e hoje a única coisa que paira em minha mente é sobreviver, um dia de cada vez. Acordar com uma motivação, nem que essa seja apenas conseguir tomar banho e colocar um grande e falso sorriso no rosto. Sentimentos ainda rondam o resto que sobrou do meu coração, mas eles se tornam mais fracos a cada dia. Não tenho ódio, nem raiva de ninguém. Tenho mágoa de mim mesma por ter acreditado em algo impossível: a verdade saindo da sua boca. Depois de um tempo, acabei ficando imune a qualquer sentimento pesado, ruim. Tudo que posso carregar é a paz sobre mim. Luto pela tranquilidade da minha alma a cada dia. Cada suspiro é alcançado com grande esforço. Sei que mais cedo ou mais tarde a sobrevivência se tornará algo natural. E com a fé que possuo em Deus e no Universo, sei que vou me acostumar com a sua ausência. Manterei meu coração fechado para reforma. Espero um dia poder reabri-lo.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Sonho com o dia em que acordarei e não lembrarei mais do seu sorriso. Do jeito com que você me toca e me deixa envergonhada. Queria poder te proteger, cuidar de você (e receber cuidados seus também). Queria te ver verdadeiramente feliz. Queria mais ainda ser o motivo dessa felicidade. Agora isso são planos do passado. Preciso manter o foco e me lembrar do que mais importa: eu ainda estou aqui. Eles ainda estão aqui. De um jeito ou de outro precisarei seguir em frente. Sei que um dia vou esquecer os meus sentimentos por você e rir quando lembrar de tudo que passei. Mas por que esse dia parece tão distante? Por que ele não chega logo, meu Deus? Até quando precisarei fingir que estou bem?
É, eu realmente não nasci para ser feliz. Agora eu não vivo... e, num futuro próximo, espero também não sentir. Nem viver nem sentir. Apenas existir. Talvez eu tenha nascido para isso. Tenho que parar de deixar o amor entrar. O que me conforta é saber que eu tenho forças para empurrar todos esses sentimentos para fora do meu coração. Torno-me cada dia mais racional, mais fria. Estou descobrindo como o mundo e as pessoas funcionam. Deixo de acreditar. Começo a mentir, enganar. Com o passar do tempo entendo que...
Ficar bem já não é mais uma opção.

Decisões

Confundido: 1. Assustado. 2. atordoado; envergonhado.
Confundir: 1. Juntar de modo desordenado; baralhar, misturar. 2. Tomar uma coisa por outra; não distinguir. 3. Embaraçar, envergonhar, humilhar, vexar. 4. Não distinguir; misturar. 5. Equivocar-se, perturbar-se. 6. Misturar-se.
Confusão: 1. Ato ou efeito de confundir(-se). 2. Perplexidade. 3. Tumulto, barulho, rolo. 4. Falta de ordem, de método. 5. Perturbação, perplexidade, enleio.
Confuso: 1. Desordenado, misturado. 2. Obscuro, que mal se distingue. 3. Perturbado, perplexo. 4. Envergonhado.

Às vezes, pensamos muito antes de tomar alguma decisão, outras vezes fazemos por impulso. Algumas decisões, depois de um tempo, se mostram totalmente certas, outras nem tanto. Às vezes, pensar muito não é o suficiente. Mesmo sabendo dos resultados, das consequências, depois de ouvir dezenas de pessoas lhe instruindo para fazer o certo, insistimos em fazer o que queremos, só para "ver o resultado". Bolamos, em nossas cabeças, estratégias, jogos, caminhos para conseguirmos sair intactos das ações, por vezes ruins, que fazemos. Erramos nas escolhas. Pensamos, tentamos desembolar nossos sentimentos, achamos que optamos pelo certo, mas a verdade se revela rapidamente e sem pena nenhuma. Erramos. Chega o desespero, a vontade de voltar atrás, de deixar tudo como estava. Já não é mais possível. A decisão só pode ser tomada uma vez. Daí então nos vemos perdidos, confusos, desnorteados. Nosso caminho foi apagado e não há nenhum lugar para retornar. Contentar-se com a decisão tomada e seguir em frente da forma em que estamos ou insistir até conseguir o que se quer, correndo o risco de errar mais ainda?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A felicidade no outro

Pareciam anos, mas só havia passado um dia. Ter data marcada para admirar teu sorriso é frustrante. Tens ideia de quanto o tempo demora a passar quando teu corpo insiste em ficar longe do meu?
A minha felicidade está contigo. Carrega-a em teu peito, junto com a chave que abre um sorriso escancarado no meu rosto quando te vejo.
Os dias passam e a tristeza só aumenta. Aquela lágrima que desce quando deito meu corpo na cama fria e vazia parece se tornar mais frequente. Começo a dormir mais, na esperança de acordar depois de uns três ou quatro dias e poder te ver mais rápido. Lavo o cabelo duas vezes durante o banho, porque penso tanto em você que acabo esquecendo o resto.
E aí eu te vejo. É uma felicidade tão boba, tão grande, e que dura apenas algumas horas. São as horas mais felizes da minha vida.
E aí acaba. E começa tudo de novo... tristeza, solidão, reticências em cada final de frase. "Queria te ver..." "Queria te abraçar...". Reticências são, sem dúvida, a pontuação mais melancólica do mundo! E o mês inteiro segue assim... um dia ótimo, outro fatal.

Namoro virtual

Já conheci, conheço e vivi a experiência de ter um "namoro virtual". A palavra "virtual" sempre parece deixar as coisas mais frias, menos intensas e até mesmo falsas.

A ideia que as pessoas geralmente tem de relacionamentos virtuais é como se a vida fosse separada entre o real e a fantasia. Não existe vida real e vida virtual. É tudo vida, apenas. Relacionamentos virtuais são como qualquer outro relacionamento, só que sem a presença física. Aí você pensa "mas namoro sem uns amassos não é namoro". Bom, eu acredito que isso não seja verdade. Enquanto houver amor, respeito, confiança e intimidade, é namoro, sim. É difícil entender, eu sei. Mas o que podemos fazer se o amor da nossa vida mora a quilômetros e quilômetros de distância de nós? Temos que deixá-lo partir por um detalhe tão pequeno quanto esse?

Para se manter um relacionamento assim é preciso muito mais amor, pois não ter quem se ama ao nosso lado -literalmente-, dói. É cansativo, é estressante, exige muito mais confiança, mas é um sacrifício que fazemos pelo verdadeiro amor.

É claro que nem todas as pessoas suportam a distância, e é por isso que é difícil (mas não impossível) encontrar um casal com anos de namoro virtual.

O amor, a troca de segredos, a palavra doce, o "eu te amo" são os mesmos. Talvez um pouco menos tradicionais, mas continuam sendo tão intensos e verdadeiros quanto todos os outros.

Não é coisa de "nerd", nem de gente sem vida social. Não são excluídos da sociedade, muito menos uma aberração. São pessoas comuns, com vidas comuns, que apostaram no amor à distância.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Fim do mundo

Não matamos apenas por proteção. Os seres humanos tem a ideia errada de que podem, sem problema algum, matar um animal, mesmo que seja uma pequena formiga, apenas por matar. Ou pior ainda, por prazer. Lá está sua próxima vítima. Talvez andando, procurando alimento. Não importa o tamanho, o motivo, o local. Nós matamos.
E por que seria diferente com os animais da mesma espécie? O que nos leva a crer que uma pessoa não irá matar a outra pelos mesmos motivos banais (ou a falta deles)?
Em um mundo cercado de caos, de maldade, de total falta de amor pelo semelhante, ainda há pessoas que acreditam num futuro melhor. Por que melhoraria? Por que deixaríamos de ser quem somos? Por que mudaríamos de ideia? Nada vai mudar. Na verdade, a tendência é piorar.
Envergonho-me de ser como todos os outros, e me envergonho mais ainda de afirmar com total certeza que não mudarei. Eu colaboro para o fim do mundo. Todos colaboramos.
Então, amigo, pare de acreditar que o melhor virá, pois é enganação. Prepare-se para o pior.
A cada dia as pessoas se acostumam mais e mais ao assistir na televisão o anúncio de um caso de estupro, de brigas no trânsito, de pais matando filhos. Não era pra ser assim. Mas, infelizmente, é.
Não existe mais sentimento de revolta em nós. Tudo se tornou comum, aceitável. Enquanto não estiver acontecendo conosco, está tudo bem. E não adianta parar e refletir sobre tudo isso agora e amanhã voltar para a mesma vida.
Não estou pedindo para que você mude. Eu deixei de acreditar nesse mundo há muito tempo.
Assim como o mundo começou, ele também irá acabar. Não questiono sua crença, nem religião ou fé. Só estou expondo o óbvio. Independentemente de como você ache que é o fim do mundo, ele está chegando.
Não é a tecnologia que irá mudar algo, nem a esperança de vida em outros planetas, nem nada. A única coisa que poderia nos salvar somos nós mesmo, mas ninguém se importa muito com isso. Jogamos essa responsabilidade nas mãos dos grandes líderes, dos cientistas, da natureza.

Talvez esse seja um texto de revolta, ou de conformismo. Julgue como quiser.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Fundo do poço

Ele precisava de alguém. Ele precisava muito da ajuda de um amigo, de um familiar. Ele escolheu a pessoa errada para ajudá-lo. Ele escolheu o amor. A garota que parecia saber como lidar com seus problemas, que parecia saber amá-lo incondicionalmente era apenas mais uma garota. Um pouco assustada, um pouco egoísta. Ela não quis mostrar o mundo dela à ele. Sua vida permanecia intacta, sem nenhuma esperança, nenhum motivo para fazê-lo mudar. Talvez ele não quisesse mudar. Talvez ele tenha escolhido essa garota imperfeita e fraca para dizer ao mundo que não recebeu ajuda suficiente para fazê-lo melhorar e essa seria a desculpa para seguir em sua vida medíocre. Conformou-se com o pouco. Ele, infelizmente, fez tudo que estava ao seu alcance para continuar caindo. Apesar da falta de compreensão da garota quanto ao problema dele, ela tentou ajudá-lo. Algumas palavras que deveriam tê-lo confortado, que deveriam tê-lo aproximado de uma vida como ele esperava foram ditas por ela. De nada ajudou. Agora quem começava a cair era a garota. Ele não reparou nos esforços dela (que talvez tenham sido poucos para ele) em tentar trazê-lo a vida novamente. Alguns amigos viraram as costas, mas ela parmeceu lá. Por pouco tempo. Ela percebeu que não houve nenhuma evolução da parte dele. Na verdade houve uma involução dela. Ele começava a afundá-la, na esperança de que ele fosse boiar. Ela decidiu abandoná-lo. Durante esse tempo ele arrancou uma parte da alma da garota. A fez sentir coisas que nunca sentiu. Ele a enganou. Ela o enganou. Foram mentiras lançadas para todos os lados. Hoje a garota tenta continuar caminhando. Hoje, ele segue na mesma vida, na desgraça em que ele mesmo se enfiou.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Começo

Ela estava na pior. Sozinha, desorientada, sem ninguém para conversar ou pedir uma ajuda para levantá-la. Todas as palavras ditas por ele foram lançadas ao vento. As palavras de seus companheiros pouco lhe importava, pois ninguém sabia o real motivo de tanta amargura. Acabou por dar um jeito de levantar-se e continuar sobrevivendo num mundo afogado em mentiras, hipocrisia e superficialidade. Foi aí que uma pessoa começou a não se encaixar nesse padrão. Ela sempre pareceu verdadeira, segura de seus desejos, honesta e confiável. A garota buscou em todos os lugares algo que tornasse essa pessoa igual a todas as outras. Não encontrou nada. Sua personalidade continuava intacta, sem nenhuma mudança causada por este mundo caótico. Aproximar-se era a solução? Decidiu que descobriria a qualquer preço. Mesmo que isso custasse umas amizades, uns namoros, alguns poucos sorrisos. A cada dia que se passava ela se encantava mais com a doçura e gentileza da pessoa que logo mais passou a ser sua paixão. Sim, ela estava apaixonada. Coisa que não era muito difícil de acontecer, pois ela vivia em busca disso. O medo de ser apenas mais uma mentira na sua vida não a deixava pensar. Era medo demais para uma pessoa só. Mesmo assim ela arriscou. Entregou seu coração, seus pensamentos, contou segredos e pediu para que ele entrasse em sua vida. Até hoje ela não descobriu nada que mudasse sua visão sobre ele. E esse é só o começo de uma história que ainda renderá muito.



Apesar do escritor Edgar Allan Poe ser famoso por seus contos de terror e suspense, um de seus trabalhos que mais admiro e que sempre leio é o poema Annabel Lee. A tristeza exalada nesse poema é doce, delicada, carregada de mistério e romance. É por esse motivo que compartilho com vocês essa obra.



Annabel Lee

Há muitos, muitos anos, existia
num reino à beira-mar
uma virgem, que bem se poderia
Annabel Lee chamar.
Amava-me, e o seu sonho consistia
em ter-me para a amar.

Eu era criança, ela era uma criança
no reino à beira-mar;
mas nosso amor chegava, ó Annabel Lee,
o amor a ultrapassar,
amor que os próprios serafins celestes
vieram a invejar.

Foi por isso que há muitos, muitos anos,
no reino à beira-mar,
de uma nuvem soprou um vento e veio
Annabel Lee gelar.
E seus nobres parentes se apressaram
em de mim a afastar,
para encerrá-la numa sepultura,
no reino à beira-mar.

Os anjos, que não eram tão felizes,
nos vieram a invejar.
Sim! Foi por isso (como todos sabem
no reino à beira-mar)
que um vento veio , à noite, de uma nuvem
Annabel Lee matar.

Mas nosso amor, o amor dos mais idosos,
de mais firme pensar,
podia ultrapassar.
E nem anjos que vivam nas alturas,
nem demônios do mar,
jamais minha alma da de Annabel Lee
poderão separar.

Pois, quando surge a lua, há um sonho que flutua,
de Annabel Lee, no luar;
e, quando se ergue a estrela, o seu fulgor revela
de Annabel Lee o olhar;
assim, a noite inteira, eu passo junto a ela,
a minha vida, aquela que amo, a companheira,
na tumba à beira-mar,
junto ao clamor do mar.

(Edgar Allan Poe com tradução de Oscar Mendes e Milton Amado)